Estudantes compõem comitê de greve de toda a rede do IFSC!
- Alena Schuler Zea
- 26 de set. de 2019
- 3 min de leitura

Foto autoral da mesa da Assembleia Estudantil do IFSC no Centro de Eventos do Câmpus Continente.
Na segunda-feira passada (16), estudantes de múltiplos campi do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) se reuniram no Centro de Eventos do câmpus Continente numa assembleia geral a fim de debater sobre o projeto Future-se, o orçamento previsto para 2020 e a autonomia universitária. A assembleia visava à deliberação de um posicionamento dos estudantes de todo o IFSC sobre a realidade das instituições frente aos cortes orçamentários.
A assembleia teve início às 12:25, com uma fala introdutória do estudante Cainã Cipriano, membro da Resistência Estudantil Contra os Cortes na Educação (RECCE) e coordenador administrativo do Centro Acadêmico de Eletrônica Industrial (CAELI) do câmpus de Florianópolis. Cainã contextualizou a organização prévia à assembleia, delatando o boicote por parte da reitoria, acusada de sabotar o transporte institucional (com os ônibus dos campi) que dirigiria os alunos à assembleia e de ameaçar servidores (essenciais na assembleia para assumir a responsabilidade pelos menores de idade presentes e pela necessidade dum intérprete de libras) de Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Outra tentativa de boicote se deu pela negação à solicitação do centro de eventos para a assembleia. No entanto, a questão foi superada a partir da resistência dos alunos, que ocuparam o espaço às 6:30 da manhã.
Após a fala do Cainã, iniciaram-se as falas dos convidados da mesa. O primeiro convidado levantou a pauta dos ataques sofridos no sistema eleitoral de reitores, já vigentes na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), na qual o presidente Jair Bolsonaro indicou o terceiro colocado da lista tríplice. Já o segundo convidado, o Diretor de Administração do Câmpus Florianópolis Aloisio Silva, abordou brevemente o contexto orçamentário atual, acentuando que o bloqueio do custeio de manutenção chegou a 48%, enquanto o bloqueio para custeio de investimentos atingiu o valor de 80%. Desmentiu também a notícia que tem ganhado repercussão midiática, que alega que o governo tem previsão de descontingenciar o orçamento bloqueado, ao apontar que os recursos liberados seriam de apenas 80% do orçamento total contingenciado de 33,3 bilhões. A previsão para 2020 é o agravamento da situação, visto que o orçamento esperado equivale a 59,20% da matriz orçamentária de 2019.
A seguir, a professora Elenira Vilela, líder sindical do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), traçou um paralelo histórico da mobilização atual com a luta travada em 1968 contra o MEC-USAID, e insistiu que tal acordo representava uma ameaça muito menor para a educação caso comparado ao Future-se. A partir daí, abriu-se o debate, em que foram votadas e aprovadas a construção de um comitê de greve de toda a rede dos IFSC, a formulação duma nota de apoio às instituições em greve ou em ocupação, a oficialização da nota dos estudantes do IFSC contrária à adesão ao Future-se e em repúdio à tentativa de privatização das universidades e institutos federais e a entrega da mesma ao Conselho Superior (CONSUP) e a exigência de um posicionamento oficial referente ao projeto e um aclaramento da Gestão Máxima relativo aos boicotes da assembleia. A única votação que não teve qualificação foi a concernente à formação de uma vaga específica no comitê da greve para entidades estudantis.
Concluindo os encaminhamentos, os quase 400 estudantes (de 18 campi do estado) que compuseram a assembleia se dirigiram à reunião do CONSUP, que teve lugar na reitoria, a fim de apresentar a nota aprovada na assembleia e pôr em prática as deliberações. Nesta, os estudantes denunciaram os boicotes promovidos pela reitoria e manifestaram sua rejeição frente à nota elaborada pelo Conselho, criticando seu caráter ambíguo e exigindo uma posição mais firme e fechada a qualquer debate que ponha em pauta a aprovação do projeto. Foi com estas reivindicações que o corpo estudantil presente conseguiu a cessão do Conselho e a assinatura do mesmo na nota elaborada pelos estudantes, resultando no posicionamento oficial do IFSC contra o Future-se.
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